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Os dilemas do Papa Leão XIV

Imagem do Eudes Quintino de Oliveira Júnior

por Eudes Quintino de Oliveira Júnior




A proclamação do Habemus Papam fez com que o cardeal americano Robert Francis Prevost, da Ordem Agostiniana, fosse eleito Papa e, no mesmo ato, adotou o nome de Leão XIV, certamente com propósitos inovadores que nortearam também o Papa Leão XIII, que deixou inesquecível legado para a Igreja Católica. 


O novo Bispo de Roma, em suas primeiras aparições públicas, mesmo com sua modernidade e conectividade, demonstrou, não só preocupação, como, também, nítido interesse, a exemplo de seu antecessor, Papa Francisco, com a intenção de abrir novos canais de comunicação para que a Igreja possa dialogar com as mais recentes tecnologias e, principalmente, controlar os avanços, muitas vezes desmedidos, da inteligência artificial, além de condenar a guerra da Ucrânia, da Faixa de Gaza e outros conflitos.


Outros temas, que já se encontravam fermentando na pauta papal, aguardam o momento adequado para aflorarem, dentre eles o desenvolvimento incessante das pesquisas envolvendo seres humanos, as interferências sobre o início e o fim da vida, a reprodução homóloga e heteróloga, a utilização de contraceptivos para combater a crise demográfica, a engenharia genética, a maternidade de substituição, o aborto, a clonagem, as terapias gênicas, a eugenia, a eutanásia, ortotanásia, suicídio assistido e o acolhimento dos homossexuais, refletido no documento Instrumentum Laboris que, pela primeira vez, usou a sigla LGBT, além do interesse em abrigar as famílias irregulares, principalmente as privações estabelecidas aos divorciados, dentre outros.


Pela maciça participação na escolha do novo Papa, percebe-se que a comunidade cristã ambiciona uma resposta mais ajustada a respeito da religião católica com a cultura dos novos tempos. É de se recordar que Eclesia semper reformanda, conforme determinação do Concílio Vaticano II.


As sensatas e bem colocadas ponderações do Sumo Pontífice apontam uma estreita aproximação com a ciência da Bioética e seus salutares aconselhamentos. A bioética, pelo seu caleidoscópio multidisciplinar, que consegue encontrar a correta lente para a leitura adequada de dilemas intrincados eticamente, ocupa um espaço de destaque que reúne todos os predicados para atender as múltiplas exigências do mundo atual. Tem potencial suficiente para unificar as várias línguas dissonantes e apresentar um canal por onde todos podem se manifestar com vistas ao tão reclamado bem comum.


No trilhar do pensamento bioético busca-se a resposta para os temas que aguçam e desafiam o homem ainda despreparado e que não carrega de pronto uma definição a respeito da aceitação ou rejeição de condutas que podem quebrar o consenso ético ou da utilização de técnicas que venham a ser incompatíveis com a expectativa da vida individualizada.


Dá para sentir que a Igreja, sob o cajado do Papa Leão XIV, está disposta a participar dos grandes dilemas bioéticos da humanidade, numa proposta de renovação comedida, tendo como lema a Igreja peregrina. É um caminhar lento e refletido em busca da renovação, sem decisões precipitadas, que certamente encontrará resistência dos setores mais tradicionais da Cúria Romana. E a bioética, pela sua pertinência e consistência, certamente trará significativos dividendos nesta árdua tarefa.


É nessa toada que as ideias germinam com mais profundidade e se reproduzem com rapidez. Como a parábola do semeador que saindo a semear, lançou semente no terreno fértil com a intenção de obter uma boa colheita.


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